"Comum dizer-se que a função das escolas é preparar as crianças e os adolescentes para a vida. Como se a vida fosse algo que irá acontecer em algum ponto do futuro, depois da formatura, depois de entrar no mercado de trabalho.... Mas a vida não acontece no futuro. Ela só acontece no aqui e no agora. O objetivo da aprendizagem é viver, não é preparar para um futuro a ser vivido." Rubem Alves

terça-feira, 17 de julho de 2012

Sobre Rocas e Fusos




Para mim, essa é uma história em que toda  a tragédia acontece porque os pais da princesinha teimavam em acreditar que deveriam afastar todo o mal para longe da menina. Mais ainda: estavam convencidos de ter poderes para isso. O pior é que eles viviam repetindo a mesma bobagem, como se fossem capazes de aprender com a própria experiência.
Pois veja: para o batizado da menina, deixaram de convidar a velha bruxa, porque ela era feia e malvada, e eles achavam que a feiúra e a maldade não podiam fazer parte da festa. Mas, como esses atributos fazem parte da vida, a bruxa invadiu o palácio mesmo sem convite. E, para vingar a afronta recebida, lançou uma maldição sobre a criança.

Não seria melhor ter convidado logo a malvada e dado a ela uma porção de coisas boas de comer e beber, para aplacar seu mau gênio? Não seria mil vezes preferível tê-la como hóspede do que como inimiga?

Mas a bem intencionada bobeira dos pais foi ainda mais longe. Ao ouvir da bruxa que a princesinha, aos 15 anos, iria ferir-se gravemente com uma roca de fiar, o que fez o pai? Mandou banir do reino inteiro todas as rocas de fiar. Como se algum pai, por mais poderoso que fosse, tivesse o poder de afastar dos filhos todos os objetos (e sujeitos...) capazes de feri-los, de lhe fazer mal. Ainda mais aos 15 anos.

O que aconteceu, então? Tinha sobrado uma roca com seu fuso, no alto de uma antiga torre onde vivia uma fiandeira, solitária e isolada. A princesa chegou casualmente à torre e, ao deparar pela primeira vez com aquele estranho objeto, ficou curiosa, pegou nele de mau jeito e furou o dedo.
Conforme, aliás, todo mundo já sabia, há muito tempo, que iria acontecer.

Não teria sido mais sábio o rei se tivesse alertado a menina para o perigo que aqueles objetos representavam para ela e ensinado sua filha a se defender, em vez de tentar negar a existência de rocas e fusos? Talvez, se pudesse saber do risco que corria, a princesa fosse mais cuidadosa e até evitasse o acidente.

Então, eu acho que muitos pais e mães de hoje continuam a se comportar do mesmo jeito que os pais da Bela Adormecida, como se não tivessem entendido a história.

(Ligia Fagundes Telles)

terça-feira, 10 de julho de 2012

ESCOLA ARTE & MANHA

Vinhedo, São Paulo